segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Anotações da vida pra vida

by Textos crueis demais para serem lidos rapidamente


  1. Você vai errar com pessoas que ama.
    Vai ser imaturo, birrento, egoísta e ruim.
    Você será ruim com pessoas que ama e o remorso, a culpa ou o sentimento de 'hm, preciso voltar atrás, aqui neste ponto' poderá aparecer pouco depois da situação ou poderá demorar meses, quem sabe anos.
    É importante você ter em mente que, SIM, isso é um aviso para que volte àquele momento que te dividiu e te tornou diferente do que era antes pro que é agora. O lapso de consciência, a conversa que não veio, o silêncio descomunal: vomita antes que te mate. que te afogue e te coloque sob um jugo pesado e que te não faz crescer.
  2. Solidão é um processo contínuo e duradouro.
    Vai demorar desse verão até o outro.
    Quem sabe um pouco menos.... Pode ser constante, até mesmo quando você encontra aquela-pessoa-incrível-que-te-faz-flutuar-em-plumas-douradas. Porque a gente passa muito tempo procurando alguém e assim que encontramos, percebemos que o vazio, o oco e o silêncio permanecem.
    E vão permanecer pois eles são os vieses da vida, ou melhor: são as partes que a vida nos dá para que aprendamos, ferrenhamente, a sermos da melhor maneira possível.
    Sermos pessoas melhores, amigos, pais, filhos, namorados e assim por diante.
    A solidão molda a gente, faz a gente pedir perdão, rever conceitos, a investigar o porquê de determinado movimento, o porquê do coração latejar sozinho até quando há uma festa dentro do seu quarto com todos os vizinhos mais legais do planeta terra.
    A solidão opera um milagre na nossa mente no sentido de nos permitir que evoluamos. Passa a não doer estar consigo mesmo. Passa a ser magnífica a experiência de olhar para si mesma com olhos calmos, tranquilos, sem o barulho do mundo. Passa a ser intransigente qualquer outro movimento de alguém que não o seu.
    A solidão ensina você a colocar a mão na própria pele, a não ter medo do próprio pensamento, a tentar entender tudo que você é: da pele ao coração, da maneira como respira à maneira como ama.
    O espaço que a solidão exerce com você é sobretudo para te ensinar. Para dizer: olha aqui, olha bem pra você, você está aqui porque precisa crescer. porque precisa aprender a estreitar o laço afetivo e honesto consigo mesmo. porque ninguém vai te salvar de você. porque a responsabilidade do cuidado não vem de fora: é você, quem precisa estender as mãos, pegar o próprio coração e sair correndo.
  3. Relacionamento afetivo não tem que ser seu projeto de vida.
    Seu projeto de vida é você.
    Se dormiu bem.
    Se acordou disposta e disponível pro mundo.
    Se o coração ainda queima por sentir o sol.
    Se o peito ainda estrala de felicidade quando vê os amigos, quando sente o colo da mãe, quando a cerveja do bar tá geladinha, quando as músicas aleatórias do celular dão as mãos e a sequência fica audível por horas e horas.
    Seu projeto de vida tem que ser você fazendo as pazes com o que te habita internamente. Quando você doma todos os seus medos, quando você não alimenta as inseguranças, quando você estende seus ouvidos para ouvir o que tua alma tá dizendo, quando sua autoestima não é detonada por palavras de ordem.
    Se depois de você conseguir olhar para si mesmo com compaixão, com afeto e amor.
    Se depois de você absorver cada característica que te forma e saber de todos os traumas, e ao saber, conseguir tratá-los.
    Se você descobrir todos os caminhos oscilantes que dão para o centro da sua dor.
    Se você conseguir identificar onde exatamente está o buraco por onde vazam as suas lágrimas. O único relacionamento afetivo que importa, agora, é o seu com você mesmo.
    Aproveita o tempo ocioso e cria pontes entre sua essência e o seu estar no mundo. expande o corpo. cresça a mente, o espírito, coração.
  4. Autoestima é apenas uma montanha-russa com altos e baixos.
    Às vezes, nosso carrinho está lá em cima.
    Às vezes, lá embaixo.
    Não se esqueça, no entanto, que você é um parque de diversões inteiro, com outros caminhos, atrações e destinos.
    Você precisa, sim, ficar horas na fila até entrar e sentir a adrenalina e a frustração do sentimento. Mas o passeio é maior do que isso e você precisa entrar na fila de outros brinquedos, precisa se vestir com outros passatempos, precisa revisitar outros espaços, traumas, quem sabe soluções, e, precisa, também, se curtir.
    Curtir o momento, outros frios na barriga, outras descobertas.
    Uma montanha-russa não pode definir você e aquilo que você é. A gente pode trabalhar nossa autoestima diariamente, mas precisamos saber que há outras coisas que podem ser trabalhadas.... E que estão lá (ou melhor, aqui dentro), implorando para serem vistas. não torne seu carrinho a única atração do seu incrível, maravilhoso e magnífico parque de diversões.
  5. O medo vai brotar nas suas costas diariamente.
    Vai supor diálogos, quererá explicações e você tentará pular numa piscina vazia, fazendo alusão àquela vez que tentou fugir porque fugir parecia certo e menos doloroso.
    Ninguém quer encarar o medo, mas ele está aqui e estará amanhã, e em dezembro!
    O ponto é que se você não descobrir maneiras de olhar olho-no-olho, de insistir no contato físico, de tentar desdobrá-lo, entendê-lo e mandá-lo passear, ele continuará colocando em você uma espécie de fardo.
    Medo do amanhã.
    Medo do que virá.
    De nunca encontrar alguém.
    De não amar novamente.
    De falhar com meus amigos, com a família, comigo mesma....
    e assim por diante.
    o que fazer?
    Não permitir a chantagem. Antes disso, levantar a voz, gritar: hoje não!
    Hoje não permito o medo se instalar.
    Hoje não!
    Hoje não permito o medo tirar de mim a capacidade messiânica que sinto em viver cada milésimo de segundo e tentar aproveitar ao máximo minha existência no mundo.
  6. Ferida não cicatriza de um dia pro outro.
    Demanda tempo, esforço, cuidado e até mesmo carinho.
    Não precisa-se construir um altar imaculado em volta da dor que ficou na pele, na memória, no coração.
    Mas é preciso conversar com ela, tirá-la da parede do quarto, colocá-la frente a frente numa conversa reveladora dos porquês aquilo dói tanto.
    É preciso ser honesto consigo próprio pra seguir.
    'errei aqui'.
    'falhei naquilo'.
    'fui horrível aqui também'.
    'eu não deveria ter colocado tal pessoa num pedestal'.
    'eu não deveria ter me colocado num pedestal'
    . e assim sucessivamente.
    Ferida não sara se a gente coloca flor ao redor dela.
    Ferida cicatriza quando a gente confronta, enfrenta e descasca para, depois sim, viver a rotina como se ela não estivesse ali.
    Você já viu uma ferida em processo de cicatrização? Quanto mais você coloca o dedo, mais seu organismo entende que aquela parte precisa de proteção.
    Não permita que ela cresça e tome conta de você. Ao contrário: que você a conheça tão bem que seja capaz de deixá-la sair do seu corpo, organismo, casa, vida, tudo o mais.
  7. Você é uma boa pessoa.
    Se te conforta saber, todos nós estamos errando diariamente com as mesmas coisas.
    Socamos a mesma ponta de faca toda vez.
    Voltamos e tentamos seguir pelo mesmo caminho tortuoso que das outras vezes, exercemos nossa mais humana capacidade de errar, falhar, ferir e ser ferido.
    Para continuarmos amanhã, semana que vem, daqui quinze anos.
    O meu conselho? Tente entender o que você é.
    Seu lugar no mundo.
    Qual espaço você ocupa na vida.... Na sua vida.
    Se você compreender o milagre da sua existência quem sabe [quem sabe] os outros também farão o mesmo.
    Existir e viver, que se alinham na mesma frequência, partem daquilo que você é.
e você é lindo.